Autora do capítulo 8 do Curso conta sua trajetória profissional  e suas experiências em projetos de habitação

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Tassia Regino, autora do 8º capítulo do Curso, esteve no Núcleo Multiprojetos de Tecnologia Educacional – NUTE, em Florianópolis, no dia 25 de abril, realizando uma das Formações de Conteúdo oferecidas aos supervisores, tutores e monitores do Curso. Na ocasião a autora falou sobre “Projeto de Trabalho Social em intervenções territorializadas”.

Tassia é  Secretária de Habitação da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo/SP e Assistente social, formada em 1985 pela Universidade Federal de Pernambuco. Atua na área de habitação popular, coordenando ou integrando equipes na elaboração, gerenciamento, execução e avaliação de Projetos, Programas e Políticas habitacionais. Possui experiência no Setor Privado e no Setor Público, tendo sido também Consultora do BID, Assessora de Planejamento da Companhia de Habitação da Baixada Santista – COHAB Santista e Diretora de Planejamento do Instituto de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal – IDHAB-DF.

A entrevistada de hoje conta sua trajetória profissional, dificuldades e também como sua experiência ajudou na construção do capítulo 8 do livro.

1)    Como surgiu o seu interesse na área de habitação popular?

 

Me aproximei da área desde a Faculdade, no estágio que fiz em um programa que a Prefeitura desenvolvia em favelas do Recife. Mas quando me formei fui atuar na área de recursos humanos.

Posteriormente, a militância política me reaproximou da habitação e o ponto central deste interesse foi poder atuar em políticas públicas que pudessem mudar efetivamente a condição de vida das pessoas, sair da militância da busca por direitos, para a responsabilidade da construção de oportunidades de acesso a estes direitos.

2)    Como foi sua trajetória profissional e suas experiências em projetos de habitação? Que aprendizados ao longo dessa trajetória te marcaram e como influenciaram na autoria do material para o MCIDADES?

 

Esta atuação na área de habitação e desenvolvimento urbano vem desde 1992. Desde então, atuei como técnica de campo, gestora e consultora na formulação e implementação de programas, projetos e políticas, abrangendo desde o planejamento, contratação de financiamentos e execução de planos e projetos.

Esta experiência está especialmente concentrada em projetos de habitação voltados para comunidades de baixa renda, especialmente em projetos de urbanização de favelas, às vezes coordenando equipes multidisciplinares e às vezes com atuação focada nos projetos de trabalho social e de participação comunitária ou nos Planos de Reassentamento.

Em termos dos programas federais atuei desde o Programa Habitar Brasil, passando depois pelo Habitar Brasil BID (HBB) e Pró-Moradia.

Esta experiência se deu tanto na área pública, em cargos de assessoria e direção (na Prefeitura de Santos/SP, no Governo do Distrito Federal e São Bernardo/SP), quanto como consultora BID e na iniciativa privada como consultora e como sócia da empresa Multisetorial.

Três aspectos da minha experiência foram muito importantes na construção do texto: a experiência com o Trabalho Social, tanto na atuação de campo, quanto no próprio processo de elaboração de projetos; a experiência de coordenação e atuação emprocessos construídos a partir de metodologias de planejamento participativo, tanto do ponto de vista institucional como junto às comunidades envolvidas com projetos e programas; e a diversidade de “lugares” em que atuei (setor público e setor privado/ técnica e gestora). Essa experiência ajudou a compreender melhor o papel do técnico e o papel e as responsabilidades do gestor ou dirigente público.

3)    Qual a importância da participação popular no planejamento e execução dos projetos de Trabalho Social dos Projetos de Urbanização?

A participação popular é um elemento-chave na sustentabilidade dos projetos de habitação social no geral e de urbanização de assentamentos precários em particular.

Esta importância tem várias dimensões: seja no que se refere ao caminho que ela constrói para a identificação da população com as soluções habitacionais viabilizadas e de apropriação dos problemas e potencialidades de cada projeto; seja pelo que ela carrega de possibilidades de fortalecimento da cidadania.

Para ser efetivo este processo exige mais do que uma boa equipe social, exige um compromisso de gestão. E vários alunos têm relatado as dificuldades, seja dada pela cultura institucional, seja pela acomodação da própria população. Eu advogo que mesmo carregada de desafios, a concretização da participação precisa ser o objetivo estratégico do Trabalho Social nos projetos de urbanização de assentamentos precários. Fazendo um comparativo com as demais áreas, podemos dizer que esta é uma das “obras” principais que o Trabalho Social deve gerar: uma população melhor organizada, mais participativa e cidadã.

4)    Você identifica transformações nas pessoas e nas comunidades envolvidas nos projetos que você trabalhou? Como é ver os resultados concretos desse trabalho?

Do ponto de vista do trabalho social são muitas as transformações importantes. A que mais me  mobiliza está bem definida por Valarelli, citado em uma palestra da Profa. Rosângela Paz “desenvolver a capacidade de tomar decisões a quem muitas vezes foi transformado num agente passivo de projetos e políticas, afirmando-os como sujeitos”. Tenho visto muitas pessoas que se transformam em grandes líderes das suas comunidades e comunidades que se fortalecem a partir da intervenção habitacional, apropriando-se da ação e constituindo-se em atores efetivos dos seus processos de relação com a moradia e a cidade.

No campo da política habitacional, que é onde trabalho, o que mais me mobiliza e me emociona como resultado do trabalho é ter famílias que têm garantido o seu direito à moradia digna, o que transforma imensamente a condição de vida das pessoas.

Como diz a Professora Dulce Critelli, “a casa de um homem não é apenas algo de que ele tem a chave e a posse, mas o elemento que marca qual o lugar que ele ocupa na cidade. A moradia de um homem referenda seu pertencimento à cidade e sua cidadania e, portanto, os direitos e os deveres que ali lhe competem”. Poder contribuir para este pertencimento à cidade é muito importante.

5)    O que você aponta no material que escreveu para o Curso como essencial? O que os alunos devem manter como foco?

O texto está construído muito focado no que é o objetivo de aprendizagem desta aula, que é compreender o processo de elaboração e os conteúdos do projeto de trabalho social, de modo que os alunos sejam capazes de elaborar projeto de trabalho social que atenda às definições da nova portaria do Ministério das Cidades. Neste sentido, cada parte do texto foca em um dos aspectos necessários para cumprir este objetivo.

Dada a pequena tradição de investimento em bons projetos, se eu tivesse que escolher um elemento eu diria que é focar em compreender bem o processo de elaboração de um bom Projeto de Trabalho Social. Um bom projeto é chave para a implementação de um bom trabalho.

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